Existe uma regrinha básica das grávidas, que se aprende logo que chega o positivo, só anunciar em público após o terceiro mês. Inúmeros casos de perdas gestacional acontecem neste início. Nos calamos para não termos que falar da dor caso ela chegue.
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Como em mundo romântico da maternidade perder não faz parte do jogo.
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Quando aconteceu comigo me senti tão triste e tão só, como se fosse só comigo, embora tão comum. É desconfortante falar da tristeza, da dor, do fracasso…da perda… em um mundo tão felizmente compartilhado.
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Lembro claramente de quando uma amiga ao saber do meu bebê, me ligou como quem se importava e ainda as lagrimas corriam em seu rosto ao lembrar de sua perda. Neste momento eu a reconheci como a mãe deste filho, sem o silêncio que nos maltrata por dentro.
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Ao me abrir com algumas pessoas eu dava espaço para que elas compartilhassem a sua perda. E de alguma forma, embora a origem fosse a dor, isso me acalentava o coração. Me sentia acolhida por outro olhar semelhante e de alguma forma nossos corações partidos se aproximavam.
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Uma mãe de um filho que não veio continua sendo uma mãe. Aquela que com todos os medos e desafios que a maternidade nos proporciona também se encheu de desejos e expectativas. Um carinho, uma escuta, um abraço podem fazer tanta diferença para algo que embora comum não deixa de ser importante.