Ser mãe é um grande desafio, mas para mim o início foi a prova de fogo.
Sabe aquela frase que toda mãe escuta: “Vai passar”? Ela se repetia diversas vezes na minha mente para me dar o mínimo de sanidade que os hormônios fizeram questão de levar embora. Inclusive mesmo a pessoa falando que “vai passar” eu ainda perguntava “quando” “alguma previsão de data”? Como se o desenvolver do meu filho, tão único, pudesse ser tabelado.
Na verdade, sabemos que existe baby blues, puerpério, depressão pós-parto, mas também existe algo muito além de tudo isso e a palavra correta se chama EGOÍSMO.
A palavra egoísmo é derivada do latim, “ego”, que significa “eu”, mais o sufixo “ismo” que é utilizado para formar o nome que corresponde a uma doutrina, ou seja, eu fanática por mim mesma.
Ter filhos é como desenvolver o altruísmo, desenvolver um espírito de sacrifício. Um sacrificar-se por um outro. O meu corpo, as minhas vontades não serão mais minhas únicas prioridades. Mas olha, cá entre nós, isso não é amar menos meu filho, é talvez se amar demais, amar demais sua vida e sua rotina antes de ser mãe. É um processo de luto! Aquela que eu fui um dia.
E dói. Dói de saudade. Dói porque não sou mais o centro do meu mundo e não tem como voltar atrás. E se pudesse, você voltaria?
Eu não. Eu faria novamente.
Porque acredito que a vida não é linear, ela é cheia de curvas, cheia de desafios para nos tornar diferentes e melhores. A mudança incomoda, causa desconforto, mas é necessária. Meu filho será um novo degrau da minha caminhada sem o peso nos ombros dele, mas com toda a minha responsabilidade de crescer como ser humano.
E olha, o tempo realmente passa e de tanto você querer acelerar o tempo quase não aproveita. O filho se conecta cada dia mais com a gente e o amor vai crescendo, ele vai ficando mais bebezinho gordinho, fofinho que dá vontade de morder e cada passo no desenvolvimento dele é realmente lindo. Digo ao universo que aceito este desafio e começo a curtir!
Tenho alguns dias de recaída sim. Quando isso acontece procuro respirar fundo e mudar a minha sintonia e conectar com o que tenho de mais amor.
O processo do crescimento é passo a passo e ao olharmos com o filtro da beleza a maternidade fica mais leve e prazerosa.
Sair do primeiro plano e ter uma visão ampla do todo é um ato divino, digno de uma supermãe. Ver o poder da criação, o processo individual do seu filho e a beleza dos detalhes para viver o hoje sem a pressa do “Vai passar”.
Paula Russi